7 de fev. de 2011

Chacina: Sete lavradores são executados e moradores temem volta dos bandidos

Cinco homens encapuzados assassinaram sete lavradores da região na noite de sexta-feira (5), no povoado de Genipapo, na zona rural de Crisópolis, a 215 quilômetros de Salvador. Segundo os familiares das vítimas, os criminosos disseram que vão voltar, causando pânico entre os moradores. 

Abelardo Xavier de Jesus, 44; Evanildo Dantas; José Milton Xavier, 32; José do Monte, 66; Silvado Neves, 39; Jorge Batista, 42; e o adolescente Ailton Moraes da Silva, 16 anos; foram executados com tiros na nuca enquanto bebiam e jogavam dominó em frente à casa de Abelardo.  No domingo (6), os corpos das vítimas foram sepultados nos cemitérios dos povoados de Genipapo, Mãe Maria e Cacimba do Saco.

De acordo com o delegado Ricardo Costa, titular da 2ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin), em Alagoinhas, a motivação e a autoria do crime são desconhecidas. 

Parentes dos lavradores contam que os assassinos chegaram em um Fiat Siena prata atirando para o alto. “Gritaram: ‘polícia, polícia!’. Mandaram as mulheres fechar portas e janelas e obrigaram eles a deitarem de bruços”, aponta Elisabete para o local onde os lavradores foram mortos.

Segundo um morador, que pediu para não ser identificado, o Siena já circulava pela região há alguns dias.  De acordo com ele, um dos filhos de Abelardo - não identificado pelo morador -, além das vítimas Jorge e Sivaldo eram envolvidos com roubos de motos e tráfico de drogas em Crisópolis.  No entanto, ele também frisa que tinha gente lá que estava no lugar errado e morreu inocente.

A avó de Evanildo, dona Maria Carmosina, 70 anos, afirma: “Eu não aguento ouvir isso. Essa gente toda é minha gente. Todos trabalhavam e não viviam em coisa errada”.

Já a mãe de José Milton, a lavradora Florentina Ferreira, 65, desabafa: “Ele nunca me deixou sozinha.  Só nesse dia que me largou para sempre. Aqui, as pessoas tinham o costume de caçar passarinho, mas agora quem tá virando passarinho é o povo”, disse, chorando.  A vítima deixa a esposa grávida de cinco meses e uma filha de 7 anos. 

O lavrador José do Monte, conhecido como Zeca, tinha voltado da caça e parou para beber com os amigos. “Os assassinos disseram: ‘velho safado! Gosta de andar armado, né? Deita aí no chão que você também vai morrer”, conta a viúva Elvira Neves do Monte, 60anos.  Segundo ela, Zeca tinha voltado de São Paulo há dois anos. Os parentes de Jorge e Sivaldo não foram localizados.

Famílias querem justiça

A demora de Ailton Moraes da Silva, 16 anos, em voltar para casa preocupou seus pais, os lavradores Antônio José da Silva, 55, e Genivalda Moraes Alves, 50.  A notícia da morte do filho veio por telefone. “Foi assim que ficamos sabendo.  Essa tragédia abalou o nosso mundo. Meu filho não andava com malandragem. Além de estudar, ele trabalhava comigo. Me acabei chorando que já não tenho mais lágrimas”, lamenta o pai do adolescente.

No momento do crime, Ailton correu para a casa de Abelardo e se escondeu debaixo da cama, mas foi arrastado para fora do imóvel. “Ele ia dormir aqui porque já estava tarde para voltar para casa e no sábado ia trabalhar”, lembra a esposa de Abelardo, a lavradora Teresa Dantas, 41.

Já Evanildo Dantas, 20 anos, deixaria o povoado de Genipapo nos próximos dias. “Ele ia trabalhar de pedreiro em Alagoinhas daqui a 20 dias. Em agosto se apresentaria no Exército. Meu filho era um ‘tipão’. Nunca tive nenhuma queixa sobre o comportamento dele”, atesta a mãe, a lavradora Evalda Dantas, 41.

O pai da vítima, o lavrador José João Bispo dos Santos, 53, quer providências. “Não vamos deixar a morte do meu filho passar assim. Ele era um menino excelente, se dava bem com todos e foi morto injustamente”.

Informações: Correio

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