Os índios foram os primeiros habitantes do país. Hoje, na Bahia, não passam de 25 mil e precisam lutar para manter suas terras.
Nesta terça-feira (19), Dia do Índio, eles comemoram a sobrevivência. Na aldeia Pataxó, em Porto Seguro, no sul do estado, eles se reúnem, dançam e disputam jogos que mantêm a tradição.
A aldeia é uma das 35 que ficam no entorno do Monte Pascoal, o primeiro ponto de terra firme avistado pelas caravelas de Cabral, em 1500. No local, vivem 32 famílias, que tiram o sustento do artesanato, da agricultura e também do turismo. “Demonstrar que o índio não acabou, ele está firme. Apesar dos massacres e conflitos, os índios conseguiram resistir”, afirma Nitynauã Pataxó, presidente da Reserva da Jaqueira.
De frente para o mar, reproduzindo os sons da mata, até parece que o tempo parou há mais de 500 anos. Mas, a verdade é que muita coisa mudou desde o primeiro contato com o homem branco, como comprovam os achados arqueológicos dos povos indígenas que habitavam a costa da região, antes da chegada dos portugueses.
A colonização também deixou cicatrizes, abertas até hoje. A luta pela terra se tornou uma das principais bandeiras da causa indigenista no país. Só nos conflitos envolvendo a reserva caramuru-paraguaçu, na região de Pau Brasil, mais de 20 lideranças da tribo Pataxó Hã Hã Hãe já morreram.
Segundo dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), em três décadas, os índios perderam mais de 70% do seu território. Em 1981, havia pouco mais de 300 terras indígenas reconhecidas no Brasil, abrangendo uma área de 400 milhões de hectares, quase 47% do território nacional. Hoje, seriam quase 500 terras numa área três vezes menor, 105 milhões de hectares, cerca de 12% do território nacional.
Na Bahia, 80% das tribos estão em regiões que são disputadas na Justiça ou ainda não foram demarcadas. “A população em geral precisa reconhecer que somos índios. Uma história viva do descobrimento. Foi aqui que começou o Brasil, aqui que começou toda história”, afirma Seturiana Pataxó, gerente de assuntos indígenas.
O resgate cultural e dos costumes é outro desafio dos povos indígenas da região. O patohã, língua falada pela etnia pataxó, ficou quase esquecida durante um longo período. Hoje é ensinada aos mais jovens e praticada nos rituais e festas.
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