20 de abr. de 2011

Está prescrito o crime do jornalista Ivan Rocha em Teixeira de Freitas


A promotora de justiça Graziela Junqueira Pereira (foto), titular da 3ª promotoria criminal da comarca de Teixeira de Freitas, lamentou na manhã desta quarta-feira (20/04), a prescrição do crime do jornalista Ivan dos Santos Rocha, que nesta quinta-feira, dia 21 de abril de 2011, completam exatos 20 anos do seu sumiço. 

O jornalista Ivan Rocha, que tinha 32 anos na ocasião, editor de três jornais de circulação dirigida e apresentador do programa jornalístico do meio-dia da Rádio Alvorada AM de Teixeira de Freitas, desapareceu na noite do dia 21 de abril de 1991, quando saía da casa da sua namorada, uma pedagoga que morava no bairro Urbis-I. 

No dia do seu sumiço ele havia anunciado no seu programa que entregaria ao desembargador Mário Albianni, então presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, que visitaria a cidade no dia seguinte, um dossiê com nomes de políticos e policiais que integravam o sindicato do crime na região. Nesta época Teixeira de Freitas, vivia uma onda muito grande de crimes de pistolagem e Ivan Rocha, era o seu maior combatente em suas colunas nos jornais e no seu programa de rádio. 

Na época o sumiço misterioso do jornalista Ivan Rocha mexeu com a imprensa e com os organismos sociais do mundo inteiro. O estado foi obrigado a virar suas atenções para Teixeira de Freitas objetivando esclarecer o crime. Mas na procura ao corpo de Ivan Rocha, pelos menos 12 cadáveres foram encontrados em meio a terrenos baldios e plantações de eucalipto, e doze novos casos foram desvendados, versões foram, modificadas e novos personagens foram expostos ao cenário criminal, já o corpo de Ivan Rocha nunca apareceu. 

Ivan Rocha

O inquérito policial instaurado na ocasião pela Polícia Civil nunca conseguiu sair da esfera da polícia judiciária, justamente porque nunca se concluiu, muito embora, o Ministério Público e o Poder Judiciário se empenharam por demais nas apurações, mas o inquérito nunca conseguiu chegar à esfera judiciária por falta de conclusão e nem o caso foi reiniciado ao longo desses anos.  

Quatro policiais chegaram a ser apontados como os autores do crime que teriam pegado o jornalista para aplicar-lhe uma surra a mando de políticos, mas o profissional que era de estrutura franzina, não teria agüentado e morrido, e os autores consumido com o seu corpo. Três dos policiais apontados na autoria nunca foram oficialmente indiciados e já morreram. Um deles está aposentado e vivo, e um civil também acusado, está solto. 

A promotora de justiça Drª  Graziella Junqueira disse que lamenta que um crime de tanta repercussão que afrontou o direito da liberdade de expressão de um povo representado por um profissional que denunciava os fatos no seu pleno exercido profissional, tenha sido prescrito sem a devida punição dos seus mentores e autores. 

A promotora Graziella Junqueira que chegou à comarca de Teixeira de Freitas em setembro de 2009, tão logo assumiu a titularidade da 3ª Promotoria Criminal, quis conhecer o caso e oficiou à polícia judiciária que esclarecesse sobre os fatos objetivando reabrir o caso do jornalista Ivan Rocha, mas não obteve nenhuma resposta, justamente pela complexidade que gerou em torno do sumiço daquele profissional de imprensa, cujo corpo nunca apareceu e nem seu paradeiro tenha sido esclarecido por falta de autores definidos.

No dia 13 de dezembro de 2010, a Procuradoria Geral de Justiça da Bahia, recebeu ofício da Sociedade Interamericana de Imprensa, assinado pelo seu presidente Gonzalo Marroquín, solicitando providências acerca da apuração dos crimes cujas vítimas são, o radialista Ronaldo Santana de Araújo, morto em Eunápolis, em 9 de outubro de 1997, radialista Nivanildo Barbosa Lima, assassinado em Paulo Afonso em 22 de julho de 1995 e do jornalista Ivan Rocha de Teixeira de Freitas, seqüestrado na noite do dia 21 de abril de 1991, solicitando que o governo da Bahia dê todo o apoio necessário para a apuração de tais casos.  

Ronaldo Santana na rádio Jacarandá de Eunápolis

 
fonte: Teixeira News
No caso Ivan Rocha, a promotora Graziella Junqueira, voltou a realizar busca pelo Sistema de Acompanhamento Integrado de Processos Judiciais - SAIPRO e também voltou a enviar ofício à 8ª Coordenadoria Regional da Polícia Civil de Teixeira de Freitas, solicitando informações acerca da existência do inquérito policial que apura a morte do jornalista Ivan Rocha objetivando reabrir o caso antes que prescrevesse, e mais uma vez, não houve resposta até a presente data da sua prescrição.

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