Eu sinto a carne tremer, o forte cheiro de ódio, sinto dor nos meus ossos, paralisia constante. Onde eu estou agora? Estou num ponto de ônibus na linda cidade de Eunápolis. Dependo completamente da bondade burguesa dos ônibus da empresa Eunapolitana.
Chego a ficar horas esperando alguma linha para que eu possa chegar até o meu destino, e não tenho sangue de barata! Repudio qualquer falta de respeito com o consumidor, quanto mais a um consumidor de muitos anos, que paga caro para usufruir dos mínimos serviços que oferecem.
A condição mecânica dos veículos é gritante até mesmo para quem não entende do assunto. A boa aparência e o conforto não existem, sem contar da imprudência de alguns motoristas.
Como se já não fosse um absurdo, tenho que desfrutar do mau-humor dos cobradores, que em vez de apaziguar toda uma situação desconfortável, agem como ditadores. Não é exagero não, e muito menos sensacionalismo, isso se chama descontentamento.
Cheguei a perder compromissos impreteríveis, que me causaram sérios danos, e não houve quem me remunerasse. Um absurdo, pois não tem nenhuma mudança significativa para tal modificação; as linhas, os horários e o tec-tec dos ônibus continuam os mesmos, apesar dos aumentos tarifários.
Mas para a minha surpresa, fui informada que a empresa acabara de ser vendida para o atual prefeito da cidade. A sensação que tenho é que estou vivendo em pleno século XXI em uma sociedade Absolutista, onde o poder está concentrado na mão de um só – quando na verdade são vários –, tomado pelo monopólio comercial e sua “bondosa” burguesia. Estou só nessa viagem?
Por Natalia Vianna
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