31 de mar. de 2011

Verba chega; prefeitos gastam e povo morre à míngua à espera de atendimento


ITABELA - A saúde pública em Itabela passa por uma grave crise. Único hospital que atende pelo SUS, o Frei Ricardo está sucateado. A comunidade diz que faltam médicos e equipamentos. Quem precisa de atendimento, amarga na fila de espera e, na maioria das vezes, volta pra casa com o mesmo problema.
Na semana passada, um caso revoltou a comunidade. Uma jovem de 21 anos, grávida de oito meses, não suportou o desleixo e acabou morrendo.

Familiares disseram que levaram Ana Paula ao hospital depois que ela começou a reclamar de dores de cabeça e abdominais. O caso era grave, mas os médicos demoraram em transferi-la para um hospital com mais recursos em cidades vizinhas. No mesmo dia, o bebê morreu.

Mas a situação pior estava por vir. Mesmo com o bebê morto na barriga, ela ainda ficou quatro dias no hospital. Os médicos não fizeram a cirurgia para retirar o feto. Quando finalmente foi transferida para Eunápolis, Ana Paula morreu.

O fato levou moradores e amigos de Ana Paula Miranda a realizarem um protesto. Eles interditaram a BR-101 por quase meia hora e tocaram fogo em pneus em frente à prefeitura de Itabela.

'O médico disse que era começo de eclampse. Eu perguntei por que ele não providenciava sua transferência para outro hospital. Ele mandou fax para os hospitais de Itamaraju, Teixeira de Freitas, Eunápolis e Porto Seguro, mas não conseguiu vaga’, disse Lilian Souza Paiva, 28 anos, prima de Ana Paula.

O secretário de Saúde de Itabela, Luiz Rezende, afirmou que a transferência não foi feita por falta de capacidade dos hospitais vizinhos em receber pacientes de outros municípios. Ele afirmou que enviou fax para as unidades de saúde de Itamaraju, Teixeira de Freitas, Eunápolis e Porto Seguro, mas os pedidos foram negados.

A direção do Hospital Regional de Eunápolis (HGE), informou que, no mesmo dia que recebeu o pedido de internação, fez a autorização. Segundo diretor técnico do HGE, médico Edmilson de Carvalho, Ana Paula já chegou em estado gravíssimo. ‘Assim que ela entrou no centro cirúrgico ainda tentamos fazer uma reanimação’, afirma.

Radar64

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