4 de jun. de 2011

Castigar os filhos é mesmo coisa do passado?


Se antigamente o castigo era visto como requisito básico para alcançar a boa disciplina, hoje é item quase proibido quando o tema é educação. Os especialistas acreditam que é fundamental dar limites, orientar e fazer a criança perceber que suas atitudes produzem reações. E se o comportamento não for legal, a consequência também não vai ser. Já as mães mostram que, embora a palavra em si tenha ficado associada a técnicas violentas e antiquadas, castigo ainda existe, mas com outro nome – e muito diálogo.
“Os adultos não devem ‘castigar’ e sim ‘educar’, levar a criança a uma reflexão sobre o resultado dos seus atos”, explica Cris Poli, educadora e apresentadora da versão brasileira do reality show “Supernanny”, no SBT.
Para a psicopedagoga Wânia Forghieri, ex-coordenadora da escola Waldorf, se os pais observam, pontuam o que está errado e dão limite, não vão precisar dar castigo.  Sozinha, uma criança pequena não tem condições de rever o que houve e chegar à conclusão de que não agiu certo.
A oftalmologista Debora Felberg, 37 anos, usou a regra de Cris Poli quando o filho Léo era pequeno. 
Agora, com cinco anos, a relação deles é de bastante diálogo. Se ele faz algo que não pode, como chutar bola dentro de casa, ela alerta. Na terceira vez, ele ganha um castigo. Pode ser ficar sem jogar videogame por uma noite ou não descer para jogar bola com os amigos do prédio. Ela garante que funciona. Mas o castigo deve ser dado na hora que a desobediência acontece. 
Mudança de foco
Se os pais vêm uma atitude errada da criança, não precisam bater nem gritar. Cris Poli sugere que eles interrompam a ação e coloquem a criança sentada em um cantinho predeterminado, que pode ser o degrau de uma escada ou um tapetinho. A intenção é que ela pare e pense sobre o que está acontecendo.
Como Jo Frost, apresentadora do “Supernanny” original, Cris Polis sugere um minuto no cantinho para cada ano de vida da criança. Assim, se a criança tem três anos, ela deverá ficar três minutos pensando no que fez de errado. 
Funciona?
“Não há dúvida de que castigo funciona, mas não é necessariamente a melhor forma de ter uma relação de respeito com os filhos. Eu prefiro confiar que a criança seja inteiramente capaz de fazer o que é pedido e depois esperar até que ela perceba que não têm outra opção senão fazer o que é dito”, explica a educadora Diane Levy, autora do livro “É Claro que Eu Amo Você... Agora Vá Para o Seu Quarto!”, Editora Fundamento. Segundo Diane, algumas crianças ficam muito ressentidas de serem castigadas. Por isso ela prefere deixar que elas resolvam os conflitos internamente e não briguem com os pais.
Já para a psicopedagoga Wânia Forghieri, pior do que o castigo é a ameaça, geralmente não cumprida ou afrouxada no meio do caminho. O limite de até onde a criança pode ir tem que estar claro, assim com suas consequências. Por isso, os pais devem propor algo que possam cumprir. Uma semana sem computador é difícil de manter? Diminua para dois dias, mas cumpra o prometido. E o mais importante: quem decide as regras são os pais, e não a criança. Os mundos dos adultos e das crianças não podem se misturar. Essa divisão vai ajudar, inclusive, na hora de reforçar a autoridade do adulto. Para Wânia, a falta de parâmetros e de “nãos” pode criar problemas no futuro. As crianças viram jovens incapazes de aceitar frustrações e não respeitam hierarquias, atrapalhando as relações no trabalho, onde não há tanta flexibilidade como em casa. Para ajudar seu filho, faça com que as regras sejam cumpridas.
Fonte: Delas

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